*por José Jober de Sousa Lima – Preparador de goleiros das categorias de base do Sendas Esporte Clube.
É muito comum nós, preparadores de goleiros, ouvirmos expressões do tipo: “ Treinamento de goleiro é fácil, é só chutar” ou ainda: “ Treinar goleiros é simples é só chutar dez para direita e dez para esquerda”, em fim…São expressões desse tipo que muitas das vezes ouvimos e que talvez, nós preparadores, tenhamos alguma parcela de culpa. Talvez porque realmente alguns profissionais agem dessa forma… Porém, não devemos rotular o treinamento específico para goleiros como uma tarefa mecânica, metódica e meramente prática. É fato que requer um conhecimento especializado, mais não só isso, teórico também e cabe a nós responsáveis pelo planejamento das sessões de treino, usar da nossa criatividade para “quebrarmos” a rotina e trazermos treinos diferentes e mais atrativos para os nossos atletas.
A variação dos estímulos inerente às montagens das sessões de treinos é comum na preparação dos atletas em geral. Com os goleiros não é diferente, esses atletas precisam ser submetidos a realidades específicas da posição. O treinamento necessita englobar as valências físicas e os estímulos técnicos. As vivências motoras variadas trazem sempre o “novo” ao atleta permitindo que o mesmo seja sempre “desafiado” a novas resoluções de problemas (Cognitivo). Obedecer a seqüências pedagógicas em ordem de estímulos simples para os mais complexos nas sessões de treino e ao longo dos microciclos é fundamental para que o atleta cumpra gradativamente as etapas motoras necessárias na evolução dos trabalhos para melhoria dos resultados técnicos específicos.
A busca pelo gesto desportivo harmonioso e com menor gasto energético é o alvo do nosso trabalho. Fazer com que o atleta obtenha o movimento mais coordenado com construção de engramas sensoriais adquirindo com isso aquilo que conhecemos como “Plasticidade neural” é na prática o atleta mais “refinado” com uma pegada de qualidade, com uma boa “quebrada”, com uma entrada de frente perfeita, etc.
Por isso, variar os estímulos visuais e auditivos (sentidos), as valências físicas mais comuns, as ações motoras técnicas (fundamentos), uso de materiais diferentes para execução das tarefas ( cones grandes, cones pequenos, bolas de cores e tamanhos diferentes, rampas para desvio, escadas de chão, arcos, estacas, etc.) são na realidade um atrativo para os atletas e o foco principal desse conjunto que é planejado deve ser única e exclusivamente a Aprendizagem. Com a criação de novas sinapses (Ligações entre neurônios) os atletas armazenam novas informações e podem resolver novos problemas futuros devido às vivências anteriores que foram submetidos.
Então, cabe aos profissionais especializados no treinamento de goleiros a organização, planejamento e execução das sessões de treino de forma criativa. Promovendo uma participação mais desafiadora aos atletas envolvidos para que os mesmos possam armazenar informações que vão construir bases para uma nova vivência posterior em uma outra sessão de treinamento.
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