*por Fábio Fernandes

Ele podia ter feito uma defesa quase impossível, ou ter tomado um gol defensável que sua expressão era a mesma. Mas Carlos Germano sofrendo um gol defensável? Nunca vi.
Regularidade parecia ser seu lema. Sempre com ótimas atuações, Germano nunca foi de altos e baixos. Só nas fichas técnicas do jogador. Não sei por que, mas as dados existentes nas revistas especializadas, sempre davam sua altura como sendo 1,82m. Era evidente que ele tinha muito mais que isso.
Carlos Germano Schwambach Neto nasceu em Domingos Martins, pequena cidade do Espírito Santo, próxima à capital Vitória. Foi revelado pelo Vasco da Gama, equipe que defendeu por quase 10 anos. É o segundo jogador que mais vestiu a camisa do clube com 632 jogos. Claro, perde apenas para o imbatível Roberto Dinamite que tem 1110.
De tão calmo e seguro, parecia tímido. E era sim, um pouco. Fora de campo se percebia isso. Mas o que importa? Nada. Ou tudo. Para um goleiro a frieza é uma excelente virtude.
Dentro de campo, Carlos Germano continuava tímido, mas transformava essa timidez em arrojo. E que arrojo.

Coragem. E que coragem.
Saia nos pés dos atacantes sem medo nenhum e quase sempre levava vantagem.
Sereno, simpático, pai de família, ele realmente é um homem de bem.
Às vezes parecia lento, mas ai de quem duvidasse de sua rapidez e agilidade. Inteligência, categoria e colocação (posicionamento) superam tudo.
Em 1997, o Vasco da Gama disputou a final do Campeonato Brasileiro com o Palmeiras. Por ter feito melhor campanha, a equipe cruz-maltina precisava de dois empates para ser campeã. O time paulista era muito forte e, como precisava do resultado, foi pra cima nos dois jogos. Carlos Germano decidiu os dois. Resultado final, 0 a 0 em São Paulo, 0 a 0 no Rio de Janeiro.
Herói? Modesto, sempre modesto, enaltecia a equipe como um todo.
Mas se os atacantes não fizeram gol é porque um tímido goleiro de 1,90m estava do outro lado e impediu que o placar fosse mudado. Além deste título brasileiro, Germano conquistou uma Libertadores, quatro Cariocas e um Rio-São Paulo. Com a seleção brasileira, ganhou a Copa América de 1997 e foi vice-campeão na Copa do Mundo da França em 1998 como reserva imediato do Taffarel.
Depois do Vasco, jogou pelo Santos, Portuguesa, Botafogo e Paysandu. Chegou a ir para Portugal, mas sem sucesso.
Ao encerrar sua carreira, tornou-se treinador de goleiros pelo Joinville, mas logo regressou ao Vasco para exercer sua nova função, cargo este que desempenha até hoje.
E parece que vem conseguindo uma proeza ainda maior. Passar adiante o seu talento e a sua competência.
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