Recentemente tivemos o confronto do ano entre Barcelona e Santos, ficou evidente a superioridade do clube espanhol sobre nossa equipe brasileira, com o resultado, questionou-se o nosso modelo de jogo e a forma que se tem conduzido nossos trabalhos. Pepe Guardiola quando entrevistado disse: “Fazemos o que sempre ouvi meu avô e pai falando sobre o futebol brasileiro”. Será que estacionamos no tempo e mudamos nossas características? Será que hoje priorizamos mais força e velocidade e esquecemos da qualidade técnica? Acredito em um equilíbrio… O talento não pode jamais ser colocado em segundo plano…
O que é fato, é que se tem uma especialidade dentro do futebol brasileiro que evoluiu, é a preparação de goleiros, nossos goleiros estão entre os melhores do mundo. Muito disso se deve ao treinamento que é dado a esses atletas. A preparação de goleiro nunca deixou de priorizar a técnica, o gesto desportivo sempre foi enfatizado, nossos atletas tem mais espaço no mundo do futebol, principalmente pela qualidade dos nossos jogadores, não somente porque eles cresceram no tamanho, mais porque hoje eles são mais técnicos, ágeis e mais potentes.
Se outrora, nossos atletas não tinham espaço no mundo europeu, hoje eles são contratados para um mercado que se amplia cada vez mais, se levarmos em consideração os goleiros que se destacaram em nosso país e fizermos um paralelo com o que produzimos hoje, vamos perceber, sem desmerecer as gerações passadas, que nossos goleiros de hoje estão mais trabalhados, falham menos e não contam somente com o talento inato e individual, os programas de treinamento os ajudam a desenvolver qualidades físicas associadas a técnica específica que os levam a simular situações do grande jogo que os preparam para uma realidade cada vez mais detalhada e determinada a redução dos erros. A busca da excelência, o treinamento bem conduzido e orientado, os recursos áudio visuais, tudo isso somado ao TALENTO são determinantes para o sucesso de nossas tarefas.
Cabe citar alguns nomes ao longo das gerações: Nas décadas de 50/60: Barbosa, Castilho, Veludo, Gilmar e Manga. Nas décadas de 70/80: Félix, Ado, Leão, Waldir Peres, Paulo Sérgio, Paulo Victor e Carlos. Nas décadas de 90/2000: Taffarel, Acácio, Zé Carlos, Zetti, Gilmar, Carlos Germano, Dida, Rogério Ceni, Marcus,e Júio César. Contamos ainda com goleiros que vem se destacando como: Jéferson, Gabriel, Neto, Fábio, e entre outros que não citamos aqui.
No Brasil, o pioneiro na preparação de goleiros é Valdir Joaquim de Moraes, ex- goleiro do Palmeiras, a posição evoluiu devido aos primeiros passos dado pela iniciativa desse ex- atleta, e hoje aos 80 anos, ainda em atividade como coordenador de futebol no Palmeiras.
Olhando para nosso passado e vendo todas as transformações que ocorreram na posição de goleiro, percebemos facilmente que existe uma seleção natural similar a proposta por Darwin em 1859 em seu livro: “A Origem das Espécies”, não uma seleção onde os seres vivos são selecionados de acordo com o meio ambiente que habitam, onde os menos adaptados não se reproduzem e são extintos, e os mais adaptados se reproduzem e se proliferam… Mais uma seleção natural da modalidade do esporte, onde não ocorre a exclusão, mais onde o atleta mais preparado se sobressai em relação aos outros naturalmente.
Professor Jober
Preparador de Goleiros da Categoria sub 17 do Botafogo FR
Professor de Educação Física e Pós-Graduado em Anatomia e Biomecânica.
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